A cesárea é um procedimento cirúrgico que, quando necessário, pode salvar vidas tanto da mãe quanto do bebê. No entanto, é alarmante o número de cesáreas realizadas sem indicação clínica adequada, o que coloca em risco a saúde e o bem-estar das mulheres e de seus filhos. Para combater esse problema e promover uma assistência ao parto mais segura e humanizada, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a Certificação de Boas Práticas na Linha de Cuidado Materna e Neonatal (CBP Parto Adequado).
A CBP Parto Adequado tem como objetivo principal estimular operadoras de planos de saúde e suas redes assistenciais a adotarem medidas que garantam às mulheres o direito ao pré-natal, parto e puerpério de qualidade e seguros. O programa visa melhorar a experiência das beneficiárias e os resultados em saúde tanto das mães quanto dos bebês.
Segundo Angélica Carvalho, diretora adjunta de Desenvolvimento Setorial da ANS, é fundamental fornecer às mulheres informações de saúde para que possam adotar o melhor autocuidado possível e disponível. Nesse sentido, é destacada a importância do parto vaginal espontâneo, considerado mais eficiente pela literatura científica e pela ciência médica, por oferecer maiores benefícios às gestantes e aos recém-nascidos.
A CBP Parto Adequado é fundamentada em quatro pilares essenciais:
1 – Organização da jornada da gestante: Garantir que a gestante tenha acesso a um acompanhamento adequado desde o pré-natal até o pós-parto, incluindo suporte emocional e informacional.
2 – Ênfase no cuidado pré-natal: Promover um pré-natal de qualidade, com consultas regulares, exames adequados e acompanhamento próximo da gestação.
3 – Adoção de boas práticas baseadas em evidências científicas: Priorizar o uso de práticas médicas embasadas em evidências, evitando intervenções desnecessárias e respeitando o processo natural do parto.
4 – Coordenação da Linha de Cuidado Materna e Neonatal: Integrar os diferentes níveis de assistência à saúde, garantindo uma abordagem multidisciplinar e coordenada durante todo o ciclo gravídico e puerperal.
Essa certificação visa, assim, dar maior visibilidade ao programa “Movimento Parto Adequado” e, consequentemente, evitar o que é conhecido como “cesárea desnecessária”. No entanto, é importante que as mulheres estejam cientes de seus direitos e conheçam os sinais de violência obstétrica, que incluem desde comentários constrangedores até intervenções médicas sem consentimento adequado.
A violência obstétrica é uma realidade preocupante, e as mulheres não devem hesitar em denunciar qualquer forma de desrespeito, abuso ou maus-tratos durante a gestação ou o parto. A justiça tem reconhecido casos de violência obstétrica e tem arbitrado indenizações em favor das vítimas, demonstrando o compromisso em garantir uma assistência ao parto mais respeitosa e humanizada.
Portanto, se você está grávida, pretende ter um filho em breve ou conhece alguém que está passando por essa fase, é essencial estar informada sobre seus direitos e buscar assistência adequada. A certificação de boas práticas na linha de cuidado materna e neonatal representa um importante passo na promoção de uma assistência ao parto mais segura, respeitosa e centrada na mulher e em seu bebê.